Para muita gente, a tarde de sábado é a melhor hora para tirar aquela camada de sujeira do carro. Você até pode levar no lava rápido aí perto da sua casa ou pagar por aquela lavada completa-com-cera-chefia, mas para fazer direito, bem feito e do seu jeito, é melhor meter a mão na massa e fazer tudo por conta própria. Não é uma tarefa difícil, mas é importante saber como fazer de modo correto para que seu trabalho não cause o efeito reverso e acabe piorando as coisas.
Seu carro, sua cara
Não estamos falando daquele papo de professora de que o caderno é o retrato do aluno, mas sim que você não deve fazer com seu carro o que não faria com seu próprio corpo. O que isso significa? Se você não usa sabonete para escovar os dentes, não lave seu carro com sabão em pó ou detergente de louças. Atualmente o mercado de detalhamento automotivo oferece produtos específicos para cada parte do carro. Não os encare como meros caça-níqueis, pois eles são realmente desenvolvidos para agira da melhor forma sobre a superfície à qual se destinam.
Por outro lado, se você comprar tudo o que vê pela frente, a economia vai para o ralo junto com a água suja. Você pode começar com um bom xampu automotivo e uma lata de WD-40.
Preparando a lavagem
Antes de tudo você precisa de um local com sombra para estacionar o carro, pois a superfície aquecida e o sol vão evaporar a água antes da hora e isso pode manchar a pintura. Depois você precisará de:
— um par de escovas macias: use uma para limpar as rodas e outra para os pneus.
— luva de lavagem: esqueça aquelas esponjas feitas de espuma que o cara do posto usa. Elas mantém a sujeira em sua superfície e por isso causam leves riscos no verniz da pintura. O ideal é usar luvas de lã natural ou microfibra, que absorvem as partículas duras de sujeira.
— dois baldes: você usará um para enxaguar a luva suja e outro para a solução com xampu.
— mangueira para molhar o carro e remover a espuma.
— toalhas de microfibra ou 100% algodão: a maioria dos tecidos sintéticos é formada por fibras duras, que danificam a pintura do carro. Você precisa de algo mais mole que o verniz, algo como microfibra ou algodão. Há ainda a opção de usar as toalhas superabsorventes, mas se houver partículas de poeira na superfície do carro, ela poderá riscar a pintura.
Lavando o carro
A maioria das pessoas começa lavando o carro pelo teto e depois vem descendo pelos vidros, capô, porta-malas, laterais e rodas. Isso está quase certo, a não ser pela parte das rodas. Como elas acumulam mais sujeira que todo o resto da carroceria — especialmente aquela poeira preta das pastilhas de freio — você deve começar a lavagem por elas para evitar que aquela sujeirada respingue no resto do carro quando ele já estiver limpo.
Rodas
Você precisará de dois baldes, escovas e xampu automotivo ou limpador de rodas. Para lavá-las, é preciso que tudo esteja frio para evitar empenamentos no disco de freio no contato com a água fresca/gelada.
Comece molhando a roda com água pura, depois aplique o limpador de rodas de acordo com as instruções do fabricante. Caso você não tenha um limpador de rodas e por isso vai usar o próprio xampu automotivo, mergulhe a escova na solução e comece limpando a roda pelas cavidades e a parte interna, e depois a face. Se achar sua escova dura demais, a face da roda pode ser lavada com a luva de lavagem. Detalhes menores e mais difíceis de acessar com a escova podem ser lavados com um pincel de cerdas firmes e curtas. Com a outra escova limpe os pneus e a caixa de roda. Depois basta enxaguar.
Com as rodas limpas, é hora de começar a lavar o resto do carro.
Carroceria
Você precisará de dois baldes, duas luvas de lavagem e xampu automotivo. Com o carro na sombra comece molhando a carroceria do teto para baixo. Se tiver um lavador de alta pressão, use-o para remover a sujeira grossa e a poeira mais solta. Se for usar uma mangueira comum de jardim, aumente a pressão do esguicho.
Em seguida coloque a luva de lavagem e mergulhe-a na solução de xampu e água. Comece a espalhar a espuma pelo teto sem esfregar com força – a limpeza do carro é química e não física: é o xampu quem deve agir, e não a pressão da luva. Divida o teto do carro visualmente em quatro áreas e vire a luva cada vez que for limpar uma nova área, sempre enxaguando a luva após usar os dois lados. Repita a operação nos vidros, capô e porta/tampa traseira.
As laterais requerem atenção especial: a metade superior pode ser lavada com a mesma luva usada no restante do carro, mas a metade inferior – geralmente delimitada pelos borrachões – tende e acumular sujeira mais grossa e pesada, por isso é preciso usar uma segunda luva. Se a sujeira estiver impregnada (como piche) você pode usar o bom e velho WD-40 para soltá-la.
Observe constantemente o nível de partículas suspensas na água do enxágue. Todo o cuidado tomado até agora será vão se você usar água suja demais para enxaguar as luvas, por isso troque a água do balde de enxágue sempre que achar conveniente.
Com a carroceria limpa, é hora de enxaguá-la para remover a espuma do xampu. Aqui convém usar o esguicho mais aberto, com menos pressão, e deixar a água escorrer lentamente sobre o carro para remover completamente o xampu da carroceria.
Secando o carro
A secagem do carro não tem segredos, mas requer algum cuidado na escolha do material a ser usado e na forma de usá-lo. Já falamos antes que algumas toalhas sintéticas podem causar abrasão no verniz, portanto você deve usar camurça sintética, microfibra, tecido de algodão puro ou toalhas ultra-absorventes de silicone.
Independente da sua escolha, são dois os métodos mais seguros de secagem. O primeiro deles é por arrasto, que como o nome sugere, consiste em arrastar suavemente a toalha aberta sobre a superfície. A outra é por compressão, bastando estender a toalha sobre a área desejada e comprimi-la para absorver a água. Este último método é mais seguro por não arrastar eventuais partículas de poeira restantes.
Depois da lavagem: protegendo o carro
Agora que o carro está limpo é preciso protegê-lo. Praticamente todos os fatores naturais como chuva, orvalho, radiação solar e chuva ácida têm efeito sobre a pintura vidros, lentes e borrachas. A forma mais simples de proteger sua cria é aplicando a velha cera automotiva. Encerar o carro não é um mero capricho para deixá-lo reluzente (isso é só uma recompensa pelo cuidado). A cera devolve à pintura sua proteção natural de quando ela era nova. Se seu carro passa muito tempo estacionado a céu aberto, é essa camada de cera que vai evitar que a pintura fique queimada e opaca. O mesmo vale para os que passam a noite descobertos.
Aqui vale a pena gastar um pouco a mais e comprar produtos de qualidade. Como é impossível estipular um prazo de validade para a proteção da cera, aplique uma nova camada a cada mudança climática — como aquela temporada de chuvas, ou de frio seco que toda cidade tem.
Vidros e lentes
Os vidros e lentes podem ser protegidos com cera ou cristalizadores — exceto o para-brisa, onde não é recomendado a aplicação de cera. Os cristalizadores e limpadores baseados em álcool isopropílico formam uma camada protetora que impede o acúmulo de sujeira e água na superfície dos vidros, facilitando o trabalho dos limpadores de para-brisa e melhorando a visibilidade sob chuva. As lentes dos faróis modernos, de policarbonato, também sofrem com a abrasão, portanto você pode aplicar uma camada de cera nelas, também.
Rodas, pneus e borrachas
A pintura das rodas é semelhante à pintura da carroceria, mas por sua própria natureza são muito mais sujeitas a riscos e oxidações, portanto é importante usar seladores especiais. Já os pneus não requerem produtos para sua conservação, mas há quem goste de vê-los brilhando. Nos pneus é importante não utilizar produtos derivados de petróleo, que causam o ressecamento prematuro da borracha. Há quem use até o famoso xarope de groselha diluído em um pouco de água para obter o efeito. O único problema, nesse caso, é que isso pode atrair baratas e formigas.
Para as borrachas e borrachões, existem condicionadores que evitam o ressecamento da peça, restauram a cor escura original e impedem aquele visual esbranquiçado causado pelo uso contínuo de silicone e outros detergentes baseados no composto. Se você não encontrar nenhum protetor do tipo, borrife WD-40 em uma esponja e passe nos borrachões tomando cuidado para que um eventual excesso do líquido não escorra pela carroceria.
Bem, amigos, as dicas estão dadas. Tudo o que você precisa agora é ir a uma loja especializada, comprar o material necessário e garantir a beleza do seu carango. O custo inicial pode parecer alto, mas é muito menos que um polimento completo ou repintura. Além disso, é você cuidando do seu carro, do seu jeito.
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